segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A outra adolescência

É estranho. Me olho no espelho e não me sinto com a idade que tenho. Até que ponto isso é bom? Se para o ego, aparentar menos do que temos é um ótimo negócio, não diria o mesmo para certas decisões que temos que tomar ao longo da vida. É, porque olhando para o espelho, temos a impressão que a juventude vai durar mais do que o previsto e que, por isso, temos mais tempo para experimentar, errar, acertar e fazer as melhores escolhas.
Penso que depois dos vinte e cinco anos é como se voltássemos a ser adolescentes de um outro jeito. Vejo uma ansiedade enorme em fazer as coisas acontecerem o quanto antes e da melhor forma possível. Afinal, estamos chegando cada vez mais perto dos trinta. Estamos nos redescobrindo. Se antes eram apenas sonhos, agora já temos uma pequena, porém respeitável bagagem. Estão arquivadas na mente boas lembranças, mas também cicatrizes. E sabemos, ou pensamos que sabemos, o que é utopia e com o que podemos seguir em frente.
O modo como encaramos a vida mudou muito de lá pra cá. Já não idealizamos o trabalho perfeito. Estamos correndo atrás para fazermos sempre o melhor e assim, conseguir nos manter com o que temos, sem nunca deixar de pensar em crescer profissionalmente e, claro, ganhar dinheiro. Não muito, apenas o suficiente para vivermos com dignidade e realizarmos alguns dos sonhos antigos.
Se analisarmos friamente, veremos que muitos dos amigos ficaram perdidos pelo meio do caminho e outros chegaram. A disposição para aquelas baladas intermináveis já não é a mesma faz tempo. Já aceitamos que os príncipes só existem nos contos de fadas, nos filmes produzidos em Hollywood ou nas novelas do Projac. Entendemos que, no máximo, vamos encontrar sapos encantados por aí (mas não se empolgue muito). E é com um desses que vamos nos enrolar.
Já quebramos a cara algumas vezes, mas não desistimos dos nossos sonhos. A hora de desejar e esperar o tempo passar já era. Agora é tempo de agir. O problema é que, nem sempre, as ações dependem única e exclusivamente da nossa vontade. Precisamos de paciência para esperar as coisas acontecerem no momento certo enquanto seguimos na luta. Mas isso, às vezes é angustiante. É o medo de pensar que a vida está passando cada vez mais rápido. Medo de quando chegar no final da caminhada, notar que não tiramos o proveito máximo dela.
Pode até doer, mas é preciso passar por esse processo para crescer. Não sei se passaremos por outras adolescências, mas tenho certeza de que novamente, vamos levar belas recordações e tentar nos proteger de todas as formas para não ficarmos com cicatrizes.
O jeito é enfrentar os obstáculos e nunca esquecer que, por mais tortuosos que sejam os caminhos, a vida sempre foi e sempre será linda, apesar de tudo.

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