sábado, 21 de maio de 2011

O meu peixe


Eu já tive um peixinho. Não, eu não era criança. Já estava com 24 anos, tinha uma carreira, uma casa, contas para pagar e um namorado. Enfim, uma vida de mulher adulta.

Como já falei aqui, sou apaixonada por cães e queria muito um, mas, morando em apartamento era difícil. Para resolver esse probleminha, minhas mães uberabenses me presentearam com um peixinho Beta. Ele era lindo. Meio azul, meio vermelho. Colocamos o nome de Fred. Se era mancho ou fêmea, até hoje eu não sei com certeza, mas o fato é que o nome dele (peixe) era de menino.

Poucos meses depois de ganhá-lo, meu namoro foi por água abaixo, eu me mudei de cidade e na partilha dos bens, o Fred ficou com o “pai” dele. Após algum tempo, eu resolvi pedir a “guarda” do glub glub.

Quando recebi meu peixe percebi que, definitivamente, não era o mesmo. O aquário havia quebrado e era outro, a cor dele havia mudado, o bichinho estava mais magro do que antes. Comentei que aquele não era o Fred, mas não criei confusão por isso.

Voltei para a minha casa com ele. Peguei um ônibus de Uberaba para Uberlândia. 100 quilômetros com um aquário quadradinho na minha bolsa de mão. Em Uberlândia, tomei um táxi e segui para o aeroporto. Quando cheguei, até tentei despachá-lo como carga, mas era noite de domingo e o guichê estava fechado. O jeito era acomodá-lo na minha bolsa, mais uma vez.

Assim eu fiz. Contei com a colaboração dos funcionários do balcão da companhia aérea. Eles me avisaram quando o avião estava a caminho e lacraram o aquário com uma fita adesiva e me disseram que se alguém descobrisse aquilo e me questionasse, que não era para dizer a ninguém que havia recebido ajuda dos funcionários.

Já com o aquário totalmente vedado, seguimos para a sala de embarque e poucos minutos depois, entramos na aeronave. Como jornalista, eu não entendo nada de física. Nem lembrava (na verdade, nem sabia) da ausência de pressão dentro dos aviões. Estava morrendo de medo do aquário explodir na hora da decolagem. Com a intenção de me “precaver”, liguei para minha mãe, avisei que estava embarcando com Fred e pedi para que rezasse para dar tudo certo e eu não ser presa por tráfico de animais ou coisa parecida.

Os 40 minutos de vôo mais uma vez pareceram uma eternidade. Quando desembarcamos, atravessamos todo o aeroporto de Confins e segui para a minha casa.

Mas tanto esforço foi em vão. Uma semana depois da nossa aventura, o bichinho morreu.

2 comentários:

Lígia Chagas disse...

Tadinho!!!

Ana disse...

O bichinho sofreu mesmo, coitado! Mas ficou uma história divertida. Quantas pessoas vc conhece que seriam capazes de deixar a bolsa fedendo a peixe? Rsrs