sexta-feira, 6 de maio de 2011

A doida do avião

Acho fantástica a praticidade do avião. Poder chegar logo em outra cidade ou estado é muito legal. O conforto das poltronas não é o mesmo dos ônibus, mas a rapidez compensa.

O problema é que a minha relação com a aviação é complicada. Apesar de adorar, eu morro de medo de voar. Paro na rua para ver qual avião está passando e qual rota vai seguir, mas na hora de entrar em um deles, fico gelada. Sempre foi assim e a coisa só piora com o passar dos anos.

Nas últimas férias, fui para o nordeste. Na ida, corri para não perder a conexão. Felizmente, deu tudo certo. Na volta, foi tensão do início ao fim da viagem. Depois de me trocarem de lugar três vezes, descobri que havia perdido o celular.

A dúvida era se ele estava na mochila ou se havia esquecido em algum lugar. Depois, me preocupou o fato dele poder tocar a qualquer momento, já que estava ligado. Embora as leis brasileiras proíbam o uso nas aeronaves durante o vôo, já presenciei pilotos falando ao celular enquanto estão no ar. Pensei: “o meu aparelho não vai derrubar o avião, mas vai explica isso para esse povo se ele tocar”.

Mesmo preocupada, decolamos e eu não falei nada com ninguém. Segui tensa, fazendo palavra cruzada para tentar relaxar. Quando estava quase conseguindo, uma senhora, que não prestou atenção nas orientações dos comissários, foi ao banheiro. Só que, ao invés de seguir em frente, virou-se para a sua direita e tentou abrir a porta do avião, pensando que era o toalete.

Ah, não contei. Na dança das cadeiras, eu fui parar no corredor da aeronave, no lado direito, ou seja, vi a ação da doida de camarote. Para a nossa sorte, as duas comissárias estavam próximas e perceberam a sandice. Abordaram a mulher, perguntaram o que ela desejava. Disse que era o sanitário. As moças (educadíssimas) informaram o local correto, mas antes quiseram saber exatamente até que ponto ela havia levantado a alavanca da porta.

Nessa hora as minhas pernas não ficaram bambas, mas tensas. Um joelho batia no outro de tanto desespero. Imediatamente foram ligados os alertas de atar cintos. Não sei quanto tempo durou esse pesadelo, mas para mim foi uma eternidade.

Uma das comissárias interfonaram para a cabine e o comandante deu as orientações. O problema é que as duas, assim como eu, também ficaram apavoradas. Enfim, após receber as instruções, a moça teve que repetir o procedimento de porta, para assegurar que estava fechada. Em condições normais, é feito antes do avião começar a taxiar. Só que dessa vez foi com “emoção”, com o avião no ar. Dispenso tanta adrenalina.

Os outros passageiros não notaram o incidente que quase virou acidente. No final das contas, correu tudo bem e o pouso foi em total segurança. Minutos antes de descermos, a fulana que causou o problema estava toda, toda passando batom e rímel para aparecer linda no desembarque. Eu, que antes estava com medo de ser linchada por causa do celular, cheguei ao meu destino com vontade de esganar a dita cuja.

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