quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Libertação

Ela foi a melhor companheira que um homem poderia querer. Dedicada, compreensiva, disposta a tudo para deixá-lo bem, para fazê-lo feliz. Mas sentia que algo estava estranho. Durante a curta convivência deles, ela achava a relação unilateral e até se dava conta disso, mas relevava. Havia um motivo aparentemente justo.

Ele se justificava. O trabalho era muito e o tempo pouco, mas logo, logo tudo ia acabar. Era uma questão de tempo. E aí eles poderiam engatar o relacionamento. Passear, fazer atividades normais de qualquer casal que começa uma história. Ela esperava ansiosamente. Marcava o calendário como presidiário que conta os dias para reencontrar a liberdade.

Quando o prazo final chegou tudo deu errado. Nada saiu como o planejado. Tanto esforço para nada. Esta foi a maior decepção da vida dele. A pancada foi tão forte que ele perdeu o rumo. E mais uma vez, ela sempre dedicada e amorosa esteve lá ao lado.

Antes por causa das obrigações, ele não podia retribuir o amor. Agora eram as tristezas que o impediam. E ela lá, esperando o pior passar para dar sequência à sua “nova” vida que esperou meses a fio.

Ninguém sabe a dor que o outro carrega dentro de si e talvez ele não consiga se recuperar tão cedo do baque, mas a vida continua e seguiu em frente ainda cambaleando por causa da rasteira que levou.

Só que a estrada que ele escolheu trilhar era muito estreita. Não havia espaço para ela. Mesmo que houvesse, ele não parecia querer ninguém por perto. Quanto mais leve e livre, melhor. Ele seguiu sem dar explicações. Simplesmente foi. Sem despedida, sem adeus. 

Ela sofreu muito. O problema não foi seguirem por caminhos opostos e sim como isso se deu. A indiferença e o desprezo dele foram um grande desgosto. Principalmente porque se jogou de cabeça.

Mas aos poucos reergueu a cabeça, viu seu real valor e também escolheu uma estrada. Uma via ampla, com obstáculos, é claro, mas que leva a caminhos que lhe proporcionarão imagens e momentos que vão fazer a dor que ela sentiu um dia parecer uma bobagem. Coisa pequena, sem relevância.

O que fica de tudo isso é que as decepções por mais duras que sejam, ensinam e não matam. Tomara que ambos tenham aprendido algo com tudo isso. Que ela conheça e respeite os limites do amor próprio e pelo outro. E que ele veja que os objetivos devem ser perseguidos, mas sem esquecer que existe uma vida para viver e ser feliz e que amar não faz mal para ninguém.

Que ambos se libertem das suas amarras.

5 comentários:

Ariadne Lima disse...

Coisa boa vê-la de volta à ativa! Belo texto. Não suma de novo! Beijos!

Lígia Chagas disse...

Concordo com a Di. Só acrescento uma frase: "Bom desfecho".

Volta logo pra cá... bjos!

Nelson Nunes disse...

Bem-vinda de volta ao mundo.

Ana disse...

Obrigada!
Pelo o que vejo, vocês gostaram! Fico feliz e me sinto encorajada a publicar um monte de coisas que estou preparando.

Beijos

Vanessa disse...

Na verdade, alguém que "dispensa" alguém forte e amorosa, dedicada e compreensiva em um momento onde há dor e decepções, pode sim querer estar só para vivier o seu luto, mas persisitir na estrada estreita por opções, pode crer, "Sambalelê tá doente, tá com a cabeça quebrada"... rs