segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Breve pensamento sobre a inveja

 "O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde." Zuenir Ventura
Esta frase sintetiza maravilhosamente bem o que o mestre Zuenir Ventura demonstra ao longo das 268 páginas do romance “Inveja – Mal Secreto”. Li este livro há uns cinco anos. Quando vi o exemplar na casa de uma amiga quis ler por três motivos: primeiro pela admiração incondicional pelo autor, segundo por considerar o tema super interessante e terceiro porque talvez pudesse encontrar nele respostas para algumas perguntas. Afinal, o que é essa tal inveja que a meu ver, todos sentimos em algum momento da vida, mas quase nunca admitimos e quando chegamos a fazê-lo dizemos que é “inveja branca”? Para mim inveja branca ou inveja boa é apenas um modo sincero de o invejoso admitir seu sentimento, praticamente um eufemismo.

De acordo com definição do dicionário Aurélio, inveja quer dizer desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade do outro e desejo de ter o bem de outra pessoa. Em inglês a palavra inveja (jealous) serve tanto para designar ciúme quanto o pecado capital que poucos assumem. Em português, embora as palavras sejam distintas, certos tipos ciúmes são a mais clara demonstração de inveja, ainda que o sentimento não seja revelado. Isso explica, por exemplo, o fato de colegas terem “ciúmes” de outros no ambiente de trabalho. Com o tempo percebemos que a inveja existe em situações em que o invejado é absolutamente inofensivo. Onde já se viu um professor ter ciúmes de um aluno, sendo que o educador já tem uma carreira consolidada e o estudante ainda terá que dar muitos passos para alcançar seu mestre? É surreal, mas existe.

Ela começa cedo, ainda na infância é comum sentir inveja dos irmãos ou dos coleguinhas, mas desde então não revelamos o nosso sentimento porque “é feio” e fazer isso só vai trazer desgosto, mas sentir inveja, embora não seja legal, é natural, certas coisas não acontecem exclusivamente quando queremos. Nenhum ser humano é perfeito. Todos nós somos feitos de virtudes e defeitos. “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. A gente não manda nele. Por isso a inveja, assim como outros desejos (sejam eles pecados ou não) podem nos pegar desprevenidos de uma hora para outra, faz parte, mas cada um encontra uma forma de lidar com isso. Para quem tem alguma fé, o perdão pode ser um caminho enquanto os céticos devem ignorar ou então nem percebem que passaram perto da “marvada”. mas tenha calma, nem tudo está perdido. Querer ficar bem assim como o outro não é pecado ou problema, o segredo está na forma de batalhar para atingir o sucesso. Para isso são necessários esforço, paciência e uma forcinha da sorte. Querer vencer não significa ser invejoso.

Bom, mas voltando ao início da conversa, como foi o livro que me serviu de inspiração para o post, então fica como conselho dar uma conferida para se deliciar com um excelente texto, histórias surpreendentes e tirar as próprias conclusões sobre o assunto ou ficar ainda mais confuso em relação a inveja, assim como eu.

Nenhum comentário: